terça-feira, 11 de setembro de 2007

O Louco

'Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!".
Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: "Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."


Gibran Khalil Gibran

O que é bonito...

O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a hora
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça


Lenine

Baile de Mascaras


Será que nos conhecemos as pessoas?
Por mais próximas que sejam, as vezes acho que não conhecemos e nunca iremos conhecer as almas das pessoas.
Vemos e amamos aquilo que está exposto, amamos a aparencia, uma ou outra idéia exposta e um caldeirão sem fim de mistério. Acho que nunca chegamos a fundo. Somos tão presos a tantas coisas, que nunca vamos além. E será que mostramos quem realmente somos, ou passamos a vida tentando mostrar uma imagem do que gostariamos de ser?
Tenho medo de acreditar, de me entregar, a qualquer amizade ou amor.
Porque parece um grande baile de máscaras e eu fico aqui tentando saber se eu sou a única sem máscara fingindo ter uma para me encaixar ou só mais uma na multidão com uma máscara tão bem presa que já me esqueçi que a possuo.

Eu

terça-feira, 4 de setembro de 2007

No ar


Não mais toco o chão
Nuvens em meus olhos
Corpo segue a canção
Não há mais grades
A mente voa livre
Acima dos sonhos, ilusão
Não mais toco o chão
Diluo no ar
Me solto do corpo
Fico a pensar
Não mais toco o chão
Vôo alto
Vôo acima
Sem rumo
Sem direção

Eu

Volte para o seu lar

Aqui nessa casa ninguém quer
A sua boa educação
Nos dias que tem comida
Comemos comida com a mão
(...)
Aqui nessa tribo ninguém quer
A sua catequização
Falamos a sua língua
Mas não entendemos seu sermão
Nós rimos alto, bebemos
E falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa...
Aqui nesse barco ninguém quer
A sua orientação
Não temos perspectiva
Mas o vento nos dá a direção
A vida que vai à deriva
É a nossa condução
Mas não seguimos à toa

Arnaldo Antunes

; )

"Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade."
Friedrich Nietzsche

Nem sei


Tudo que posso dizer
É que minha vida é bem monotona
Você até gosta do meu ponto de vista
Mas não o entende
A verdade é que já me deitei e levante
Alguns milhões de vezes
E eu só quero passar a noite em claro
Tentando buscar algo
Que faça isso tudo ter algum sentido
Tudo que eu posso dizer
É que minha vida é bem monotona
Você ri e até acha graça
Mas você nunca entende
A verdade é que já sei meu amanhã
E talvez sempre saiba
E passo as noites em claro
Buscando uma saída
Que faça isso tudo ter sentido
Mas isso é tudo que posso dizer
Afinal as vezes eu nem entendo

Eu